CICLÍDEOS AMERICANOS

 

A REPRODUÇÃO CICLÍDEOS AMERICANOS, GRANDES E ANÕES.

A reprodução ciclídeos americanos, grandes e anões não são muitos diferentes. Os Ciclídeos anões são os únicos peixes deste grupo que encontramos vulgarmente em aquários, os mais comuns são os Apistogramma e os Nannacara, reproduzem-se da mesma forma que os grandes Ciclídeos. A maioria deles se reproduz em aquário de 25 litros. Deixa-se livre, a parte da frente do aquário na qual se colocam umas lajes de ardósia, ou algumas pedras lisas e um maciço de plantas para servirem de esconderijo e introduz-se o casal de reprodutores no aquário.

Apistogramma é um genero de peixes perciformes ciclídeos, conhecidos vulgarmente como ciclídeos anões sul-americanos. O grupo distribui-se por numerosos cursos de água de vários países da América do Sul, tendo como espécie emblemática o Apistogramma agassizii. Os ciclídeos-anões são peixes muito apreciados em aquariofilia, exibindo uma enorme variedade de comportamentos sociais e particularidades de grande interesse na hora da reprodução.

O Nannacara Adoketa é um ciclídeo bastante imponente, com nuances nas cores vermelhas e azuis que ficarão extremamente vibrantes em aquários com condições ideais. É um peixe de águas rasas, ricas em vegetação submersa, com ocorrência de muitos galhos, raízes, troncos e folhas.

  Estes peixes não são exigentes no que se refere ao pH ou à temperatura da água, aceitam bem temperaturas compreendidas entre os 26,5 e os 29,5 graus, e o pH que melhor lhes convém, tanto pode ser ácido como alcalino desde que se mantenha dentro de valores próximos do ponto neutro. A desova produz de 50 a 100 ovos, que são depositados numa das lajes de ardósia, ou numa pedra, entre duas pedras, no vidro do aquário perto do fundo ou em qualquer outro lugar que lhes agrade. Se bem que ambos os membros do casal preparem o local de desova, na maioria das espécies é a fêmea sozinha que cuida dos ovos e dos alevinos.

Há no entanto exceções. Tenho visto muitos Apistogramma machos comportarem-se como pais extremosos. É muito interessante ver estes pequenos lutadores a guarda aos seus ovos. Todos os peixes que se aproximavam são atacados com uma fúria silenciosa, que põem em fuga qualquer intruso, por muito grande que fosse.

Os Ciclídeos anões dos meus aquários comunitários escolham sempre para a postura uma fenda entre duas pedras ou faziam um buraco por debaixo de uma pedra, aí depositando os ovos. Pareciam compreender que lhes seria impossível defender um local onde os ovos estivessem à vista.

Quando os alevinos começam a nadar, os pais não conseguem mantê-los em cardume e defendê-los das bocas vorazes que os rodeavam. Dois dias após ter observado os primeiros movimentos no ninho, costumava inserir um tubo de plástico bastante largo na fenda do ninho e aspirava todos os alevinos para um aquário previamente preparado para recebê-los. Essa viagem acidentada não parecia afetá-los, e eles desenvolviam-se rapidamente com uma dieta de Tubifex e de Camarões recém-nascidos. Aos seis ou sete meses de idade reproduziam-se também pela sua vez.

A identificação do sexo dos Ciclídeos anões é difícil, a não ser no caso dos exemplares completamente desenvolvidos. Regra geral, a fêmea é menor, com um corpo mais arredondado. As barbatanas anais e dorsais do macho são mais compridas e mais pontiagudas. Se bem que sejam menos esquisitos do que os Escalares e muitos outros Ciclídeos, convém deixá-los escolher os respectivos pares.

Um criador que mantinha um registo muito exato dos seus peixes verificou que um casal de Apistogramma ramirezi produziu em 33 desovas 13540 alevinos, ou seja, uma média de 410 por desova. Tratava-se de um casal excepcionalmente prolífico em comparação com a generalidade dos Ciclídeos anões. A maioria dos criadores que conheço fica já satisfeita quando conseguem criar 50 alevinos por desova. Tanto o macho como a fêmea do Apistogramma ramirezi cuidam dos alevinos.

GRANDES CICLÍDEOS

Os grandes Ciclídeos de aquário são peixes cuja reprodução é de um grande interesse. Os instintos paternais estão muito desenvolvidos nos peixes deste grupo e os pais manifestam frequentemente sinais de uma inteligência que normalmente é atribuída em exclusivo aos animais superiores. A formação de casais de Ciclídeos não obedece a regras certas. Por vezes basta juntar um macho e uma fêmea para que haja acasalamento, mas outras vezes os peixes rejeitam-se violentamente.

A identificação dos sexos dos grandes Ciclídeos é um pouco difícil. Regra geral, as barbatanas anais e dorsais do macho são mais compridas e mais pontiagudas. As fêmeas são mais roliças e mais largas quando vistas de cima. Quando dois Ciclídeos adultos são alojados no mesmo aquário (e a menos que esse aquário seja muito grande e densamente plantado), acasalam-se ou lutam. Se a luta resultar num “empate”, os adversários retiram-se cada qual para o seu canto e aí permanecem, olhando-se com hostilidade. Nenhum deles ousa penetrar no território do outro.

Quando uma fêmea é introduzida num aquário em que se encontram já dois machos que definiram os respectivos territórios, o resultado é fascinante. Os dois machos esforçam-se por seduzi-la. Ambos exibem-se de barbatanas abertas e nas suas mais belas cores, tentando conquistar a fêmea.

Esta escolhe um dos machos e retira-se para o território dele. O pretendente rejeitado nunca ousa invadir o território proibido, mas se a fêmea se aventura perto dele, exibe-se novamente perante ela, tentando conquistá-la ao seu par.

A REPRODUÇÃO

Quando se mantém no mesmo aquário um casal de Ciclídeos desconhecidos, convém sempre juntá-los gradualmente. Começa-se por se colocar no interior do aquário, uma divisória de vidro. Quando o macho e a fêmea manifestam o desejo de se juntar, nadando juntos para trás e para diante de um e de outro lado da divisória de vidro, esta é altura de tirar a separação. No entanto é preciso vigiar os peixes, que podem começar subitamente a lutar.

Os Ciclídeos de 10 cm ou mais precisam de um aquário com a capacidade de 75 litros ou ainda maior. O aquário de reprodução deve ser recoberto de uma camada de alguns centímetros de cascalho, e será conveniente colocar também algumas pedras no fundo. A maioria dos Ciclídeos desenraiza todas as plantas do aquário, pelo que será preferível omiti-las. O começo da atividade de desova é assinalado pelo característico “beijo” ou união dos lábios dos membros do casal, que também limpa vigorosamente com os seus grossos lábios uma pedra ou qualquer outra superfície plana.

Por vezes o casal escava covas no cascalho ou por debaixo das pedras, preparando a desova. Observaram-se muitos casos em que o casal escavava um túnel por debaixo de uma pedra e punha depois os ovos no teto do túnel, virando-se de barriga para cima. Observei várias vezes esse comportamento no Etroplus maculatus. Este procedimento não é no entanto habitual. Regra geral, os Ciclídeos depositam os ovos numa pedra chata, ou então num poço escavado no cascalho. Pouco antes da desova o ovipositor da fêmea torna-se saliente, o mesmo acontecendo ao tubo de esperma do macho.

Os ovos são depositados em fiada pela fêmea na superfície escolhida. O macho segue-a de perto, fertilizando os ovos acabados de pôr à medida que ela vai avançando. Este processo repete-se num movimento mais ou menos circular até a postura ter produzido cerca de 2000 ovos. Trata-se de um espetáculo muito interessante, sobretudo quando nos damos conta que os ovos postos numa pequena área não se tocam!

Os pais revezam-se na guarda e na ventilação dos ovos. Um dos membros do casal guarda e abana os ovos, enquanto o outro sai em busca de alimento. Quando ele volta, coloca-se por detrás do par, que está de guarda aos ovos, este avança nadando e o seu substituto toma imediatamente a mesma posição sobre os ovos, que não ficam assim nem um momento desprotegidos.

A eclosão dá-se ao fim de quatro dias, a uma temperatura de 26 graus. Os pais agarram os alevinos com a boca e levam-nos para uma escavação previamente preparada. Continuam a vigiar a massa gelatinosa e movediça constituída pelos alevinos, que vão absorvendo lentamente o saco vitelino e depois começa a nadar. De vez em quando os pais levam os alevinos na boca para outro local, mantendo uma vigilância constante. Nunca se deslocam os dois ao mesmo tempo de um para outro ninho, movimentam-se em sentidos contrários, de modo a manterem sempre os dois ninhos debaixo de vista.









ALIMENTAÇÃO E CUIDADOS A TER COM OS ALEVINOS:

Quando completar quatro dias de idade começam a nadar e podem comer Camarões recém-nascidos, Cyclops e Micro vermes. Os alevinos e os grandes Ciclídeos não devem ser alimentados com Infusórios, a não ser com as grandes variedades. Os alevinos formam um cardume escoltado pelos pais, que se colocam um à cabeça e o outro à cauda do cortejo. Ao fim do dia voltam para a cavidade que lhes serve de ninho.

A um sinal da mãe, os alevinos deixam-se cair até ao fundo da cavidade. A sua bexiga-natatória imobiliza-se devido a um reflexo, pelo que se tornam assim mais pesados do que a água. O pai procura os possíveis fugitivos, agarra-os na boca e tirá-los para o ninho. Os alevinos tornam-se pesados quando são agarrados na boca do pai, deixando-se cair no ninho sem resistência.

Os Ciclídeos têm mais personalidade do que a maioria dos outros peixes, e é impossível prever o seu comportamento. Por vezes um namoro apaixonado degenera numa batalha feroz, que acaba com a derrota de um ou de outro dos membros do casal, que pode ficar muito ferido. Se bem que os Ciclídeos sejam geralmente muito bons pais, o que torna possível a criação dos filhos no mesmo aquário onde eles se encontram, por vezes transforma-se em canibais e devoram todos os ovos ou alevinos. Os criadores cuidadosos retiram os pais do aquário depois da postura. Por vezes tem de se separar os membros do casal, pois um dos pais acusa o outro da perda dos ovos, o que pode dar origem a uma luta mortal.

No caso de se retirar os pais do aquário depois da postura, os ovos têm de ser ventilados artificialmente, para evitar os ataques dos fungos. A água do aquário tem de ser mantida muito limpa. Ao contrário do que geralmente se pensa os Ciclídeos nem sempre são monógamos. Quando vivem em grandes grupos, acontece frequentemente um macho acasalar-se com duas, três ou mais fêmeas sucessivamente.

Outro ponto muito discutido consiste em saber se os Ciclídeos conhecem as próprias crias. Diz-me a experiência que assim não é, pois um casal pode aceitar os alevinos de outro casal, desde que se encontrem no mesmo estádio de desenvolvimento.

Uma última observação no que se refere aos métodos de reprodução dos grandes Ciclídeos. Muitos criadores separam os dois membros do casal de reprodutores com uma divisória de plástico colocado no aquário. Nalguns casos a fêmea desova do seu lado da divisória, o macho fertiliza os ovos do outro lado e os alevinos que saem dos ovos nadam de um lado para o outro, passando pelas fendas do plástico.

Este método apresenta pelo menos uma vantagem, não há o perigo de lutas pré ou pós-maritais. Dado que todos os Ciclídeos são grandes comilões, o condicionamento faz-se fornecendo-lhes grandes quantidades de um alimento de calibre relativamente grande. Aconselho as minhocas para este efeito. Podem dar-se as pequenas minhocas inteiras e as grandes cortadas em pedaços e lavadas antes de serem fornecidas aos peixes.

Vi primeiro em: https://www.biopeixe.com/reproducao-ciclideos-americanos-anoes/

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