A REPRODUÇÃO CICLÍDEOS AMERICANOS, GRANDES E ANÕES.
A reprodução ciclídeos americanos, grandes e anões não são
muitos diferentes. Os Ciclídeos anões são os únicos peixes deste grupo que
encontramos vulgarmente em aquários, os mais comuns são os Apistogramma e os
Nannacara, reproduzem-se da mesma forma que os grandes Ciclídeos. A maioria
deles se reproduz em aquário de 25 litros. Deixa-se livre, a parte da frente do
aquário na qual se colocam umas lajes de ardósia, ou algumas pedras lisas e um
maciço de plantas para servirem de esconderijo e introduz-se o casal de
reprodutores no aquário.
O Nannacara Adoketa é um ciclídeo bastante imponente, com nuances nas cores vermelhas e azuis que ficarão extremamente vibrantes em aquários com condições ideais. É um peixe de águas rasas, ricas em vegetação submersa, com ocorrência de muitos galhos, raízes, troncos e folhas.
Estes peixes não são exigentes no que se refere ao pH ou à temperatura da água, aceitam bem temperaturas compreendidas entre os 26,5 e os 29,5 graus, e o pH que melhor lhes convém, tanto pode ser ácido como alcalino desde que se mantenha dentro de valores próximos do ponto neutro. A desova produz de 50 a 100 ovos, que são depositados numa das lajes de ardósia, ou numa pedra, entre duas pedras, no vidro do aquário perto do fundo ou em qualquer outro lugar que lhes agrade. Se bem que ambos os membros do casal preparem o local de desova, na maioria das espécies é a fêmea sozinha que cuida dos ovos e dos alevinos.
Há no entanto exceções. Tenho visto muitos Apistogramma
machos comportarem-se como pais extremosos. É muito interessante ver estes
pequenos lutadores a guarda aos seus ovos. Todos os peixes que se aproximavam
são atacados com uma fúria silenciosa, que põem em fuga qualquer intruso, por
muito grande que fosse.
Os Ciclídeos anões dos meus aquários comunitários escolham
sempre para a postura uma fenda entre duas pedras ou faziam um buraco por
debaixo de uma pedra, aí depositando os ovos. Pareciam compreender que lhes
seria impossível defender um local onde os ovos estivessem à vista.
Quando os alevinos começam a nadar, os pais não conseguem
mantê-los em cardume e defendê-los das bocas vorazes que os rodeavam. Dois dias
após ter observado os primeiros movimentos no ninho, costumava inserir um tubo
de plástico bastante largo na fenda do ninho e aspirava todos os alevinos para
um aquário previamente preparado para recebê-los. Essa viagem acidentada não
parecia afetá-los, e eles desenvolviam-se rapidamente com uma dieta de Tubifex
e de Camarões recém-nascidos. Aos seis ou sete meses de idade reproduziam-se
também pela sua vez.
A identificação do sexo dos Ciclídeos anões é difícil, a não
ser no caso dos exemplares completamente desenvolvidos. Regra geral, a fêmea é menor,
com um corpo mais arredondado. As barbatanas anais e dorsais do macho são mais
compridas e mais pontiagudas. Se bem que sejam menos esquisitos do que os
Escalares e muitos outros Ciclídeos, convém deixá-los escolher os respectivos
pares.
Um criador que mantinha um registo muito exato dos seus
peixes verificou que um casal de Apistogramma ramirezi produziu em 33 desovas
13540 alevinos, ou seja, uma média de 410 por desova. Tratava-se de um casal
excepcionalmente prolífico em comparação com a generalidade dos Ciclídeos
anões. A maioria dos criadores que conheço fica já satisfeita quando conseguem
criar 50 alevinos por desova. Tanto o macho como a fêmea do Apistogramma
ramirezi cuidam dos alevinos.
GRANDES CICLÍDEOS
Os grandes Ciclídeos de aquário são peixes cuja reprodução é
de um grande interesse. Os instintos paternais estão muito desenvolvidos nos
peixes deste grupo e os pais manifestam frequentemente sinais de uma
inteligência que normalmente é atribuída em exclusivo aos animais superiores. A
formação de casais de Ciclídeos não obedece a regras certas. Por vezes basta
juntar um macho e uma fêmea para que haja acasalamento, mas outras vezes os peixes
rejeitam-se violentamente.
A identificação dos sexos dos grandes Ciclídeos é um pouco
difícil. Regra geral, as barbatanas anais e dorsais do macho são mais compridas
e mais pontiagudas. As fêmeas são mais roliças e mais largas quando vistas de
cima. Quando dois Ciclídeos adultos são alojados no mesmo aquário (e a menos
que esse aquário seja muito grande e densamente plantado), acasalam-se ou
lutam. Se a luta resultar num “empate”, os adversários retiram-se cada qual
para o seu canto e aí permanecem, olhando-se com hostilidade. Nenhum deles ousa
penetrar no território do outro.
Quando uma fêmea é introduzida num aquário em que se
encontram já dois machos que definiram os respectivos territórios, o resultado
é fascinante. Os dois machos esforçam-se por seduzi-la. Ambos exibem-se de
barbatanas abertas e nas suas mais belas cores, tentando conquistar a fêmea.
Esta escolhe um dos machos e retira-se para o território
dele. O pretendente rejeitado nunca ousa invadir o território proibido, mas se
a fêmea se aventura perto dele, exibe-se novamente perante ela, tentando
conquistá-la ao seu par.
A REPRODUÇÃO
Quando se mantém no mesmo aquário um casal de Ciclídeos
desconhecidos, convém sempre juntá-los gradualmente. Começa-se por se colocar
no interior do aquário, uma divisória de vidro. Quando o macho e a fêmea
manifestam o desejo de se juntar, nadando juntos para trás e para diante de um
e de outro lado da divisória de vidro, esta é altura de tirar a separação. No
entanto é preciso vigiar os peixes, que podem começar subitamente a lutar.
Os Ciclídeos de 10 cm ou mais precisam de um aquário com a
capacidade de 75 litros ou ainda maior. O aquário de reprodução deve ser
recoberto de uma camada de alguns centímetros de cascalho, e será conveniente
colocar também algumas pedras no fundo. A maioria dos Ciclídeos desenraiza
todas as plantas do aquário, pelo que será preferível omiti-las. O começo da atividade
de desova é assinalado pelo característico “beijo” ou união dos lábios dos
membros do casal, que também limpa vigorosamente com os seus grossos lábios uma
pedra ou qualquer outra superfície plana.
Por vezes o casal escava covas no cascalho ou por debaixo
das pedras, preparando a desova. Observaram-se muitos casos em que o casal
escavava um túnel por debaixo de uma pedra e punha depois os ovos no teto do
túnel, virando-se de barriga para cima. Observei várias vezes esse
comportamento no Etroplus maculatus. Este procedimento não é no entanto
habitual. Regra geral, os Ciclídeos depositam os ovos numa pedra chata, ou então
num poço escavado no cascalho. Pouco antes da desova o ovipositor da fêmea
torna-se saliente, o mesmo acontecendo ao tubo de esperma do macho.
Os ovos são depositados em fiada pela fêmea na superfície
escolhida. O macho segue-a de perto, fertilizando os ovos acabados de pôr à
medida que ela vai avançando. Este processo repete-se num movimento mais ou
menos circular até a postura ter produzido cerca de 2000 ovos. Trata-se de um espetáculo
muito interessante, sobretudo quando nos damos conta que os ovos postos numa
pequena área não se tocam!
Os pais revezam-se na guarda e na ventilação dos ovos. Um
dos membros do casal guarda e abana os ovos, enquanto o outro sai em busca de
alimento. Quando ele volta, coloca-se por detrás do par, que está de guarda aos
ovos, este avança nadando e o seu substituto toma imediatamente a mesma posição
sobre os ovos, que não ficam assim nem um momento desprotegidos.
A eclosão dá-se ao fim de quatro dias, a uma temperatura de
26 graus. Os pais agarram os alevinos com a boca e levam-nos para uma escavação
previamente preparada. Continuam a vigiar a massa gelatinosa e movediça
constituída pelos alevinos, que vão absorvendo lentamente o saco vitelino e
depois começa a nadar. De vez em quando os pais levam os alevinos na boca para
outro local, mantendo uma vigilância constante. Nunca se deslocam os dois ao
mesmo tempo de um para outro ninho, movimentam-se em sentidos contrários, de
modo a manterem sempre os dois ninhos debaixo de vista.
ALIMENTAÇÃO E CUIDADOS A TER COM OS ALEVINOS:
Quando completar quatro dias de idade começam a nadar e
podem comer Camarões recém-nascidos, Cyclops e Micro vermes. Os alevinos e os
grandes Ciclídeos não devem ser alimentados com Infusórios, a não ser com as
grandes variedades. Os alevinos formam um cardume escoltado pelos pais, que se
colocam um à cabeça e o outro à cauda do cortejo. Ao fim do dia voltam para a
cavidade que lhes serve de ninho.
A um sinal da mãe, os alevinos deixam-se cair até ao fundo
da cavidade. A sua bexiga-natatória imobiliza-se devido a um reflexo, pelo que
se tornam assim mais pesados do que a água. O pai procura os possíveis
fugitivos, agarra-os na boca e tirá-los para o ninho. Os alevinos tornam-se
pesados quando são agarrados na boca do pai, deixando-se cair no ninho sem
resistência.
Os Ciclídeos têm mais personalidade do que a maioria dos
outros peixes, e é impossível prever o seu comportamento. Por vezes um namoro
apaixonado degenera numa batalha feroz, que acaba com a derrota de um ou de
outro dos membros do casal, que pode ficar muito ferido. Se bem que os
Ciclídeos sejam geralmente muito bons pais, o que torna possível a criação dos
filhos no mesmo aquário onde eles se encontram, por vezes transforma-se em
canibais e devoram todos os ovos ou alevinos. Os criadores cuidadosos retiram
os pais do aquário depois da postura. Por vezes tem de se separar os membros do
casal, pois um dos pais acusa o outro da perda dos ovos, o que pode dar origem
a uma luta mortal.
No caso de se retirar os pais do aquário depois da postura,
os ovos têm de ser ventilados artificialmente, para evitar os ataques dos
fungos. A água do aquário tem de ser mantida muito limpa. Ao contrário do que
geralmente se pensa os Ciclídeos nem sempre são monógamos. Quando vivem em
grandes grupos, acontece frequentemente um macho acasalar-se com duas, três ou
mais fêmeas sucessivamente.
Outro ponto muito discutido consiste em saber se os
Ciclídeos conhecem as próprias crias. Diz-me a experiência que assim não é,
pois um casal pode aceitar os alevinos de outro casal, desde que se encontrem
no mesmo estádio de desenvolvimento.
Uma última observação no que se refere aos métodos de
reprodução dos grandes Ciclídeos. Muitos criadores separam os dois membros do
casal de reprodutores com uma divisória de plástico colocado no aquário.
Nalguns casos a fêmea desova do seu lado da divisória, o macho fertiliza os
ovos do outro lado e os alevinos que saem dos ovos nadam de um lado para o
outro, passando pelas fendas do plástico.
Este método apresenta pelo menos uma vantagem, não há o
perigo de lutas pré ou pós-maritais. Dado que todos os Ciclídeos são grandes
comilões, o condicionamento faz-se fornecendo-lhes grandes quantidades de um
alimento de calibre relativamente grande. Aconselho as minhocas para este
efeito. Podem dar-se as pequenas minhocas inteiras e as grandes cortadas em
pedaços e lavadas antes de serem fornecidas aos peixes.
Vi primeiro em: https://www.biopeixe.com/reproducao-ciclideos-americanos-anoes/
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